Tostão é reconhecido como um dos textos mais sensatos do jornalismo esportivo brasileiro. Ele não é de comentar arbitragens. Mas, como um craque inteligente que foi e como jogador experiente, que viveu intimamente o mundo do futebol, sabe quando há algo estranho no ar.
Leia o que ele escreveu sobre a arbitragem de Corinthians e Cruzeiro e sobre a maneira como ela foi tratada por boa parte da crônica esportiva:
OS ZÉ REGRINHAS
Cada vez mais, os árbitros brasileiros decidem as partidas, com a aprovação de muitos comentaristas
Como gosta de dizer Mauro Cezar Pereira, brilhante comentarista da ESPN Brasil, houve no fim de semana mais um pênalti à brasileira, a favor do Corinthians, que não deveria ser pênalti no Brasil, na Europa nem em nenhum lugar do mundo. Esse tipo de erro acontece toda rodada, a favor de diferentes clubes.
Cada vez mais os jogos no Brasil são decididos pelos árbitros. Pênalti é tão decisivo, que só deveria ser marcado quando houvesse certeza. Dizer que falta fora e dentro da área são a mesma coisa, porque a regra não faz essa distinção, é uma visão operatória e ingênua.
Foi mais um pênalti virtual. No momento do lance, raríssimas pessoas acharam que foi pênalti. Depois de assistir ao lance mil vezes, comentaristas, ex-árbitros ou não, e seus milhões de seguidores passaram a valorizar o que não tem nenhuma importância. A câmera lenta, nesses casos, atrapalha mais que ajuda.
Querem transportar a regra para o lance. É o contrário. Temos de observar primeiro e depois confirmar se o que vimos está na regra. Seria como um médico diagnosticar a doença pelo que leu, e não pelo que viu. As pessoas estão perdendo a capacidade de observar. São os Zé-Regrinhas. Adoram regras, que decidem para eles.
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