George Washington Carver

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quinta-feira, 8 de julho de 2010

Rastreamento de Risco Cardiovascular em Atletas Estudantes

Neste Artigo:

- Introdução
- O Programa de AFPP
- Conclusão
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Todos os anos, um certo número de atletas jovens, adolescentes e crianças morre subitamente devido a problemas cardíacos associados a um pequeno grupo doenças e a comportamentos de risco. Enquanto a morte de uma criança ou adolescente já é por si só entristecedora, o será ainda mais quando a vítima for um atleta até então extremamente saudável.

Como não existe nenhuma bateria de testes comprovadamente capaz de detectar todas as doenças cardíacas, com uma taxa de diagnóstico custo efetivo, a American Heart Associantion (AHA) formulou um programa de avaliação física pré-participativa (AFPP) de rotina para atletas. O resumo desse programa foi publicado na revista médica American Family Physician.

Introdução

Nos EUA, onde existem cerca de oito milhões de atletas estudantes (ensino médio e superior), há uma preocupação em se prevenir tais catástrofes – mortes súbitas em esportes competitivos. Na atualidade, a ocorrência de tais eventos está estimada em um caso em cada 200.000 atletas estudantes por ano. Entre os anos de 1983 e 1993 o Centro Nacional de Pesquisa de Lesões Esportivas Catastróficas dos EUA encontrou um número de 126 mortes em estudantes do ensino secundário sendo que 100 dessas foram devidas a problemas cardiovasculares. A maioria dessas fatalidades ocorre por problemas cardíacos congênitos o que torna o rastreamento diagnóstico difícil pelo fato de apenas 0,2% de atletas terem tais distúrbios.

A dificuldade em se montar um programa de rastreamento dessas doenças, nessa população específica, reside na sua baixa incidência em atletas jovens, e quando presentes, raramente manifestam sintomas. Assim, os gastos com exames complementares podem ser absurdos. Por exemplo, precisa-se de 200.000 pessoas rastreadas para que 1.000 sejam diagnosticadas sendo que destas, ocorreria uma morte se nada fosse feito, ou seja, consulta-se 200.000 pessoas para salvar uma delas.

O Programa de AFPP

O objetivo do AFPP não é a exclusão de atletas, mas a manutenção da saúde e segurança dos mesmos. Também deve ser encarado como uma maneira de se conseguir abordar um grande grupo de pessoas que não procurariam o médico se não fosse através do AFPP. Assim pode-se utilizar dessa oportunidade para o aconselhamento de problemas comuns da saúde da adolescência. Abaixo estão listados os principais temas a serem abordados:

- detecção de anormalidades musculoesqueléticas que podem predispor a lesões ou doenças durante a prática do esporte;

- detecção de condições com potenciais riscos de vida que limitam a segurança do atleta;

- atender a requerimentos legais e de seguro de saúde;

- determinar a saúde geral do atleta;

- aconselhamento de adolescentes sobre questões relacionadas com a saúde: uso de tabaco, álcool, drogas ilícitas, práticas sexuais prejudiciais e problemas psicológicos.

O rastreamento deve ser começado com uma boa história médica. Nela, deve-se perguntar sobre vários dos sintomas que se não indagados, provavelmente não serão ditos: tonteiras, "cabeça fraca" ou desmaios, dor ou desconforto torácico, falta de ar desproporcional à atividade física em questão, palpitações, aumento da pressão arterial, níveis altos de colesterol no sangue, doenças viróticas e bacterianas recentes (miocardite, mononucleose infecciosa, faringite e amigdalite, dor articular), história de sopros cardíacos, uso de tabaco, álcool ou drogas ilícitas, passado de cirurgia cardíaca, doenças congênitas cardiovasculares, história familiar de morte súbita antes dos 50 anos, outras possíveis doenças familiares. No exame físico deve-se tentar identificar quaisquer sinais que possam sugerir um distúrbio cardiovascular. Devem ser examinados o sistema cardiovascular e musculoesquelético, olhos, estruturas da face (nariz, ouvidos, cavidade oral), sistema respiratório, pele, genitália nos homens, medir também os dados antropométricos. Estar atento para sopros cardíacos, aumento de pressão arterial, diferença de pulsos nos braços e pernas, arritmias cardíacas. Quando há suspeita de alterações, deve-se encaminhar o atleta ao especialista para exames mais detalhados.

Exames complementares não invasivos como o eletrocardiograma (ECG) e o ecocardiograma (ECO) não foram comprovados como custo efetivo quando usados de rotina, ou seja, sem uma indicação prévia. Além disso, podem desencadear um elevado número de falso positivos, talvez maior até que os verdadeiramente positivos o que traria grandes transtornos para tais atletas. Por isso, somente aqueles atletas que apresentarem alterações sugestivas em suas histórias e/ou exame físico é que seriam submetidos a tais exames complementares.

Uma vez confirmada a presença de alterações, deve-se aferir a magnitude do risco cardiovascular do atleta na realização de sua atividade física e se ele deve se retirar de tais atividades. Esse julgamento deve ser baseado em tabelas já aprovadas por sociedades científicas como a AHA, American College of Cardiology (ACC) e American College of Sports Medicine (ACSP).

Qualquer restrição feita deve ser amplamente discutida e explicada para o atleta, treinador e sua família. Caso não houver necessidade de deixar o esporte, ele deve ser orientado sobre seus riscos em determinadas atividades. Todos os médicos que aplicam o AFPP devem deixar claro aos interessados que mesmo sem uma alteração perceptível na entrevista e exame de rotina, o risco pode ainda existir.

Conclusão

As dificuldades inerentes ao AFPP são muitas. Várias doenças cardíacas responsáveis por morte súbita não são detectáveis na consulta médica por serem clinicamente silenciosas. Muitos atletas podem não relatar sintomas nem história familiar de tais doenças. Pontos importantes a serem considerados são a dor torácica, desmaios e história familiar de morte súbita.

Nos EUA, ainda há vários problemas com relação a uma padronização desse exame nos diversos estados. Quando se traz essa realidade para o Brasil, fica difícil de se fazer uma correlação, devido ao fato de não haver uma organização desse porte no que diz respeito aos esportes e torneios nacionais entre jovens de ensino médio e curso superior. Não obstante, é importante que os médicos que atendem adolescentes e adultos jovens, façam tais questionamentos sempre que possível para que de alguma forma, haja algum tipo de rastreamento em atletas jovens brasileiros. A promoção de seminários e congressos sobre esse assunto é extremamente bem-vinda dentro de congressos maiores como, por exemplo, a saúde do adolescente e medicina do esporte, ramos que estão cada vez mais presentes na medicina dos dias atuais.

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